na espinha do dragão

sexta-feira, maio 26, 2006

dia de chuva

|| Koun, 11:16 AM || (1) comments |

quarta-feira, maio 24, 2006

É bem cedo e faz muito frio. O céu está profundamente escuro e é outono. O bairro, imóvel, permanece em silêncio desde que o guarda-noturno pegou no sono. A cidade está à disposição. A bicicleta desliza solta, produz um pequeno chiado do contato entre a borracha e o asfalto molhado. Até a linha do trem é uma suave descida e o vento gelado envolve o corpo. A avenida termina nos trilhos: à direita, pelo buraco do trem, denominação comum a moradores, motoristas e cobradores, um ônibus passa vazio, iluminado, rumo a Pirituba, à esquerda uma rua segue paralela à linha. Todas as casas estão silenciosas. Agora é plano e empurrar o pedal aquece o corpo. Às vezes encontram-se trabalhadores caminhando, vindos da estação. Em seguida tudo fica novamente deserto e silencioso. Após algumas curvas suaves, chega-se a uma praça. É um espaço amplo, com muitas árvores, em sua maioria quaresmeiras. Nesta época do ano, já se recolheram. Quando se chega ao meio da praça vislumbram-se as luzes da estação. À direita, por sobre o muro da linha, vê-se o Jaraguá, mancha mais escura que o céu. Uma luz pisca no meio da escuridão, suspensa no plano escuro. Chegando-se à estação sente-se cheiro de café. Alguém, todas as manhãs, arma um tabuleiro com fatias de bolo e café. Os trabalhadores juntam-se em torno dessa banca e conversam, encolhidos. Enquanto a bicicleta é presa no poste, os cachorros do mendigo aproximam-se desconfiados. O mendigo sumiu, e com ele a comida. Houve uma madrugada em que vieram alguns carros da polícia. As luzes vermelhas que giravam iluminavam ora a praça, ora a casa abandonada em frente à estacão, ora os cães. O mendigo estava lá dentro, em agitada conversa com os policiais. Passando-se as catracas já não se podia mais vê-los. Depois disso ele desapareceu, e os cães, talvez por não saberem para onde ir, permaneceram na escadaria. De qualquer forma, é uma questão de tempo, há sempre mendigos por ali.

|| Koun, 6:57 AM || (0) comments |

quarta-feira, maio 17, 2006

No começo da noite a avenida está quieta. Os ônibus que vêm da Lapa rareiam e logo param de passar. Às nove horas faz muito frio e a rua fica deserta. No muro da linha do trem um mendigo enrolado no seu cobertor espera imóvel. No bairro escuro, as luzes da padaria clareiam a calçada vazia. Pelas janelas das casas vê-se o brilho trêmulo das televisões ligadas, trazendo a ausência da cidade para dentro da sala. Em muitos lugares deve haver famílias negras chorando.
|| Koun, 11:04 AM || (0) comments |

segunda-feira, maio 08, 2006

onze horas não abriu
não há gatos no quintal
o outono se firma
|| Koun, 10:11 PM || (0) comments |
as flores de maio
esperam a sua hora
a grama resseca
|| Koun, 10:07 PM || (0) comments |
o guarda-noturno
recolhe-se à cabine
o outono avança
|| Koun, 10:04 PM || (0) comments |
passam apressados
passarinhos e ciclistas
volta a garoar
|| Koun, 10:01 PM || (0) comments |

terça-feira, maio 02, 2006

movimento

|| Koun, 8:35 AM || (0) comments |