na espinha do dragão

terça-feira, julho 31, 2007

Anatomia

Morro acima, morro abaixo, lá vai o pequeno saltamontes. Na descida da Pio XI a bicicleta quase voa, enquanto um frio chileno gela as canelas. Rumo à Lapa, pelo flanco do dragão, segue-se a linha dos rins. Os caminhos têm sua dinâmica, calores, interseções, cores, possibilidades, equilíbrios. Tudo isso deve ser considerado, esta é uma maneira apropriada de ver a paisagem para o lado do Jaraguá no fim da tarde. Para observar o lado contrário em sentido oposto, pode-se optar pela linha do fígado, sinuosa, por isso propiciando uma subida quente e uma vista cambiante da espinha do dragão. No entanto, para a volta, já não há tempo para mais nada: é linha do coração, Caiapônia abaixo, numa reta, até em casa, que o sol já está pra lá de Jundiaí, a lua cheia está no céu e é hora da janta.
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terça-feira, julho 17, 2007

Dia da luz


Baião do Tomás

Quando o filho do filho do pai
Nasceu tão bem
O avô que era pai do seu pai
Foi ver o neném
Ele viu que seu filho sorria
Isso já lhe agradou
Era o filho que o filho queria
E que agora chegou
Tinha um pouco do pai
E mais um pouco do avô

Quando a mãe desse filho do pai
Teve o neném
A avó que era mãe dessa mãe
Não passou bem
Ela via que a filha sofria
Isso lhe dava dó
Mas o filho da filha trazia
Uma alegria só
Tinha um pouco da mãe
E mais um pouco da avó

Muitos tios e tias
Já davam sinais
Que queriam ser os padrinhos
Só falavam desse sobrinho
Muitos outros filhos
Dos irmãos dos pais
Os maiores e os pequeninos
Não tiravam os olhos do primo
Que dormia em paz

Sonhava com os pais
Avós dos pais
E todos ancestrais

Era tanta gente
Não acabava mais
Uns pediam passinho à frente
Tio do tio também é parente
A cidade toda
Veio ver o Tomás
Que nascera, que maravilha
O menino, filho da filha
Que dormia em paz

Sonhava que juntou
Os tios os pais
Com todos os demais

(Chico Saraiva/Luiz Tatit)


|| Koun, 5:28 PM || (1) comments |