na espinha do dragão

sábado, julho 30, 2005

Cidade

"Por uma conclusão bem natural, a idéia de Civilização, para Jacinto, não se separava da imagem de Cidade, duma enorme Cidade, com todos os seus vastos órgãos funcionando poderosamente. Nem este meu supercivilizado amigo compreendia que longe de armazéns servidos por três mil caixeiros; e de Mercados onde se despejam os vergéis e lezírias de trinta províncias; e de Bancos em que retine o ouro universal; e de Fábricas fumegando com ânsia, inventando com ânsia; e de Bibliotecas abarrotadas, a estalar, com a papelada dos séculos; e de fundas milhas de ruas, cortadas, por baixo e por cima, de fios de telégrafos, de fios de telefones, de canos de gases, de canos de fezes; e da fila atroante dos ônibus, tramas, carroças, velocípedes, calhambeques, parelhas de luxo; e de dois milhões duma vaga humanidade, fervilhando, a ofegar, através da Polícia, na busca dura do pão ou sob a ilusão do gozo – o homem do século XIX pudesse saborear, plenamente, a delícia de viver!"

(A cidade e as serras, Eça de Queirós)
|| Koun, 7:22 PM

2 Comments:

Nos humanos, sempre correndo atrás dos anestésicos que nos trazem prazer e esquecimento. Esquecendo-nos que a deliícia do viver existe na alegria do amor.
Anonymous Anônimo, at 11:54 PM  
joão antônio é o mais foda mesmo. vou colocar um link pra tu na parte da direita do meu blog mega-desconfigurado (ñ sei o que tá pegando). faço isso esses dias, valeu, abs
Anonymous Anônimo, at 4:35 PM  

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