na espinha do dragão

quinta-feira, junho 28, 2007

A mente das possibilidades

A mente nem vai, nem vem.
|| Koun, 6:20 PM || (1) comments |

A mente que não escolhe


A mente não pode agarrar a mente.
|| Koun, 4:28 PM || (0) comments |

segunda-feira, junho 18, 2007

Lançamento imobiliário

[Na Lapa, meio quarteirão de casas, famílias, quintais e memórias vem abaixo]


O enterro dos mortos

Que raízes se prendem, que ramos crescem
Neste entulho pedregoso? Filho do homem,
Não consegues dizer, nem adivinhar, pois conheces apenas
Um montão de imagens quebradas, onde bate o sol,
E a árvore morta não dá qualquer abrigo, nem o grilo alívio,
Nem a pedra seca qualquer ruído de água. Apenas
Há sombra debaixo desta rocha vermelha
(Anda, vem para a sombra desta rocha vermelha),
E vou mostrar-te uma coisa ao mesmo tempo diferente
Da tua sombra quando ao amanhecer te segue
E da tua sombra quando ao entardecer te enfrenta;
Vou mostrar-te o medo num punhado de poeira.

(T. S. Eliot, A terra devastada)

|| Koun, 11:26 PM || (0) comments |

domingo, junho 17, 2007

Filho querido

Por incontáveis existências, por todo o tempo sem origem, coexistimos, em inúmeras formas de vida: estrela e pássaro, nuvem e riacho, homem e montanha, relva e rochedo. Às vezes seres sencientes, às vezes inanimados.
É uma bênção poder em breve reconhecê-lo, face a face.
|| Koun, 5:45 PM || (1) comments |

terça-feira, junho 12, 2007

Assim


"Sob a árvore de bodhi, antes do amanhecer, Sidharta Gautama percebeu diretamente a estrela da manhã e despertou além de todo o despertar, exclamando:

– Eu, a vasta Terra e todos os seres sencientes são iluminados e manifestam, sem esforço, o grande caminho. Sou o universo vivo. Sou os seis reinos da transmigração. Tudo isso, funcionando harmoniosamente, já é a iluminação.

Não há mais árvore bodhi, nem estrela da manhã. Não há mais os seis reinos, nem seres sencientes. Não há mais Sidharta; só há despertar; só há Budha; só Shakyamuni."

(Denkoroku, Keizan Zenji)
|| Koun, 11:10 AM || (0) comments |

terça-feira, junho 05, 2007

A madrugada penetrou no silêncio, que penetrou no outono, que penetrou na mente, que, na fria manhã de sol, estende-se, lençol branco, sem forma para o mundo. O bem-te-vi pousa sobre o muro, indiferente à casa ou à rua – o muro é feito do contato entre a casa e a rua. O gato, que é um pouco feito de muro, observa o passarinho. Do lado de fora vem o vozerio da criançada indo à escola. Da casa vem a cantoria da dona, bulindo na cozinha. O vento frio entra pelo quintal, sacode o lençol, passa pela janela e leva cheiro de café para o vizinho. O céu doido de São Paulo. A paineira da praça desfolhou, desflorou e fechou-se em si mesma. Junho penetra em todas as coisas. Que nome se dá a isso?
|| Koun, 11:39 PM || (0) comments |