canário, sabiá, juriti, tuim, gaivota, inhambu, vou passando pelas ruas de moema, o sol começa a clarear a cidade, mas ainda é quase de noite.
essa é a hora dos passarinhos, antes das buzinas, das filas duplas, dos canos de escapamento (aliás, que mentira! quem escapa deles?).
daqui a pouco as garagens dos prédios começam a abrir e os passarinhos somem. só ficam aqueles dos nomes das ruas, palavras sem asa na placa azul.
dobro as ruas vazias – em moema só há esquinas de 90 graus, o espaço cartesianamente organizado, régua e prancheta.
mas agora, no bairro quieto, a piarada nas árvores se espalha, alegre, se entrecruza, indiferente ao quadriculado do bairro.
junto aos passarinhos meu trim-trim, nos saudamos, companheiros de manhã.
essa hora é nossa e ninguém tasca.