na espinha do dragão

terça-feira, junho 05, 2007

A madrugada penetrou no silêncio, que penetrou no outono, que penetrou na mente, que, na fria manhã de sol, estende-se, lençol branco, sem forma para o mundo. O bem-te-vi pousa sobre o muro, indiferente à casa ou à rua – o muro é feito do contato entre a casa e a rua. O gato, que é um pouco feito de muro, observa o passarinho. Do lado de fora vem o vozerio da criançada indo à escola. Da casa vem a cantoria da dona, bulindo na cozinha. O vento frio entra pelo quintal, sacode o lençol, passa pela janela e leva cheiro de café para o vizinho. O céu doido de São Paulo. A paineira da praça desfolhou, desflorou e fechou-se em si mesma. Junho penetra em todas as coisas. Que nome se dá a isso?
|| Koun, 11:39 PM

0 Comments:

Add a comment