O homem sobe e desce a ladeira íngreme, sob o sol. Na ida, uma mulher bêbada é colocada dentro do camburão por dois polícias. Na volta, uma velha deixa a sombrinha cair no asfalto.
O ciclista vira na contramão e segue rente aos carros. Quando passa pelo bar da esquina vê três homens carregando uma máquina de caça-níqueis embrulhada em sacos de lixo preto.
O professor de letras arrasta o pé, em passo lento, rumo ao ponto de ônibus. Leva uma sacola com várias pastas cheias de papel. Enquanto observa o avião passar sobre os prédios, seu estômago dói.
O bobo do bairro passa a madrugada olhando as luzes da antena piscando sobre o pano preto do céu de outono. Elas brilham alternadamente, formando a constelação de Diadorim.
O menino dá um beijo na menina da rua de cima. Na tarde de quinta-feira, matou a aula de piano. Volta pra casa e mente sobre a lição.
O sacerdote, vestido de preto, sua em silêncio enquanto ouve as aflições dos homens. Um coração sem limites, como diriam os amigos.
O ex-escritor, no quarto vazio, treina a arte da não-forma.
O prisioneiro observa o domingo terminar.